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segunda-feira, 1 de abril de 2013

A ciência ainda tenta explicar Jesus

Historiadores e arqueólogos procuram pistas da existência do homem que nasceu num estábulo em Belém há mais de 2 mil anos Anualmente, pelo menos desde o ano 336 de nossa era, parte considerável da humanidade celebra o aniversário de um carpinteiro, que teria nascido há mais de 2 mil anos, num estábulo em Belém, de uma mãe virgem, concebida pelo Espírito Santo. Não há cristão no mundo, como se chamam seus seguidores hoje - que somam mais de 2 bilhões - que não conheça essa história e não a tenha como verdadeira. A ciência, no entanto, ainda tenta desvendar os mistérios em torno dela. Historiadores e arqueólogos à frente, os pesquisadores procuram provas da existência de um homem chamado Jesus, que tenha vivido na Palestina judaica no início do século 1.º e sido julgado e crucificado. Não é uma tarefa fácil. Jesus não deixou palavras escritas nem construiu nada material. Tampouco as crônicas e a historiografia da época fazem referências a ele. Além disso, não há vestígios arqueológicos nem de seu corpo em lugar nenhum. A rigor, os únicos documentos que falam dele em profusão são os quatro Evangelhos (de Mateus, Marcos, Lucas e João) e as epístolas de São Paulo, textos que estão na Bíblia. Eles foram escritos, no entanto, entre o final dos anos 60 e os 90, do século 1.º, pelo menos 30 anos depois de sua morte, portanto. Por isso, uma frase do escritor A. N. Wilson, em seu livro Jesus, Um Retrato do Homem, dá bem uma idéia do que os cientistas sentem diante do desafio de desvendar esse mistério: "Tudo o que dissermos sobre o Jesus histórico terá de ser precedido pela palavra 'talvez'". Para a arqueóloga Fernanda de Camargo-Moro, autora do livro Arqueologia de Madalena - Uma Busca Histórica da Companheira de Jesus (Editora Record, novembro de 2004), os poucos indicadores da existência de Jesus encontrados até hoje são muito fragmentados. "Entre os mais importantes, está uma estátua, encontrada em 1961, em Cesaréia Marítima, na época a capital da Judéia", diz. "Ela contém os nomes do imperador Tibério e o de Pôncio Pilatos, governador da Judéia (de 26 a 36 d.C.), vinculado à crucificação de Cristo. É a única prova material da existência de Pilatos." A esse fragmento de pedra, Fernanda junta em importância os papiros encontrados em Nag Hammadi, no deserto egípcio, em 1945. São os chamados Evangelhos apócrifos, não reconhecidos pela Igreja. "Esses documentos, conhecidos como Biblioteca Gnóstica de Nag Hammadi, são o que há de mais importante para a comprovação da existência de Jesus", diz. "Embora pertençam aos séculos 3.º e 4.º, eles são cópias de documentos anteriores, dos século 1.º e 2.º comprovadamente existentes na época." Para a arqueóloga, que também é autora do livro Nos passos da Sagrada Família, uma viagem no Egito na trilha de Jesus (Editora Record, Rio de Janeiro, 2000), esses papiros são tão ou mais comprovadores da existência de Jesus do que os próprios evangélicos canônicos (os quatro da Bíblia). "Trata-se da maior descoberta do século 20", avalia. "E que foi estudada com maior zelo, por grandes especialistas das mais diversas procedências." Apesar dessa escassez de provas materiais, há especialistas que dão a existência do Jesus histórico como certa. É o caso do historiador André Chevitarese, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), para quem "Jesus de Nazaré, judeu que viveu no século 1.º, na Galiléia, de fato existiu". Ele diz que foi possível chegar a essa conclusão, depois que surgiram, a partir dos anos 70, novas metodologias de análise de documentos da época de Jesus, como os Evangelhos. Uma delas é chamada múltiplas confirmações. "Marcos e João, por exemplo, nunca se falaram ou trocaram informações entre si, e ambos não conviveram com Paulo", explica. "Mas eles escreveram textos que contam um história semelhante. Então o que dizem deve se referir a fatos que ocorreram." Referências Fora dos textos sagrados, uma das raras referências a Jesus aparece na obra do historiador romano Flávio Josefo, escrita em 93 da nossa era. Nela, ele comenta o julgamento e condenação à morte, em 62, de um homem que ele identifica como "Tiago, irmão de Jesus, o assim chamado Cristo". Entre as relíquias do tempo de Jesus, a mais famosa, sem dúvida, é o Santo Sudário. Trata-se uma peça de linho com a qual José de Arimatéia teria coberto o cadáver de Jesus, cujos traços teriam sido gravados no pano para sempre. O Sudário é conservado na Catedral de Turim, na Itália. Em 1988, a peça foi examinada pela Escola Politécnica de Zurique, na Suíça, com o objetivo de datá-la. Usando o método de datação com carbono-14, os cientistas concluíram que o material é do século 13. A ciência não conseguiu, no entanto, convencer boa parte dos cristãos, entre quais inclusive alguns cientistas, da exatidão dessa data. O argumento é que o Santo Sudário foi parcialmente queimado em 1532 e restaurado com tecidos dessa época. Isso poderia ter falseado o resultado da datação. Por isso, muita gente leva em conta o que A. N. Wilson escreveu em Jesus, Um Retrato do Homem: "O Jesus da História e o Cristo da fé são dois personagens distintos, com histórias muito diferentes. É difícil reconstruir o primeiro, e, na tentativa de fazê-lo, é provável que pratiquemos dano irreparável contra o segundo."

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